Deputados estaduais que representam partidos nanicos na
Assembleia Legislativa do Ceará divergiram sobre a Proposta de Emenda à
Constituição (PEC), aprovada na última terça-feira, no Senado Federal, que
acaba com as coligações proporcionais nas eleições no País. A matéria, aprovada
em primeiro turno, diz que são admitidas coligações eleitorais, exclusivamente
nas eleições majoritárias, cabendo aos partidos adotar o regime e critérios de
escolha, sem obrigatoriedade de vinculação com candidaturas em âmbito nacional,
estadual ou municipal.
O deputado estadual Júlio César Filho (PTN) se posicionou
contrário à PEC do Senado, e lembrou que alguns partidos, como PDT e PCdoB, nas
eleições passadas, elegeram três e dois deputados respectivamente, sem
coligações. No entanto, afirmou que as minorias precisam ser representadas nas
casas legislativas e, para isso, dependem da formação de coligações.
“Na coligação um partido ajuda o outro. A meu ver eu sou
contra essa emenda. Pedirei sensibilidade de meus amigos deputados federais
para que eles possam garantir que a minoria tenha, sim, seu espaço”, disse.
Para o parlamentar, há uma tentativa dos legisladores em
diminuir o número de partidos, e isso estaria sendo iniciado no ataque às
pequenas agremiações.
Tomaz Holanda (PPS) também concordou que há um grande
número de partidos no País, mas torce para que não haja fim das coligações
proporcionais, porque, em sua análise, é uma proposta “antidemocrática”.
Para Ely Aguiar (PSDC), muitos partidos estão “em
sintonia orquestrada, no sentido de exterminar os pequenos”. Segundo ele,
algumas legendas querem culpar os nanicos pelos problemas do País, mas a
quantidade não importa quando o assunto é corrupção, porque os casos de
irregularidades foram apontados em partidos de grande representatividade no
Congresso.
Choque
Naumi Amorim, do PSL, também se disse contra, porque,
segundo afirmou, essa medida visa apenas “acabar” com os pequenos partidos. Já
o deputado Bruno Gonçalves, único representante do PEN na AL, disse ser
favorável, e defendeu um “choque” na reforma política.
Segundo ele, a criação de partidos pequenos se dá, muitas
das vezes, porque os filiados não podem mudar de partido quando estes estão com
mandato parlamentar. “A gente, mesmo de partido pequeno, condena isso, mas
precisamos de um choque, porque daqui a pouco teremos uns cem partidos no
Brasil”, ironizou o deputado.
Bethrose (PRP) também se mostrou favorável à proposta,
desde que não prejudique o partido pequeno. “A tendência, do jeito que está é
ficar somente os partidos grandes, mas a gente não pode esquecer que o PT já
foi um partido pequeno um dia”, disse a parlamentar.
Diário do Nordeste
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