Alex Silvestre, subcomandante da Guarda Municipal, chefiou a equipe de policiais que evitou o linchamento de Luiz Aurélio de Paula e Pâmella Martins, vítimas de um boato via WhatsApp, na última quarta-feira, em Araruama, na Região dos Lagos. Segundo Silvestre, a situação foi tão grave que se a sua equipe não tivesse aparecido, uma das vítimas teria sido assassinada.
— A multidão estava em fúria, tinha muito ódio. Com certeza se a gente não chega no momento e age com sabedoria e calma, ia acontecer um homicídio. Eles iam ser linchados, tudo isso por denúncia de WhatsApp — contou.
De acordo com Silvestre, a unidade recebeu uma denúncia de que havia um casal suspeito de sequestrar crianças no Mutirão, bairro de Araruama. Ao chegar ao local, os policiais encontraram Luiz sendo agredido pela multidão. O guarda contou que, com muito custo, a equipe conseguiu resgatar Luiz e Pâmella. Ainda em Mutirão, os policiais fizeram um levantamento das vítimas e viram que se tratava de um boato e que eles eram inocentes.
— Mesmo com a gente lá, a população queria invadir o local onde os dois estavam refugiados e agredi-los. Nós colocamos os dois numa viatura e tiramos de lá o mais rápido possível. Trabalho há 15 anos com segurança pública e só vi casos assim em outros estados — lembrou.
No meio da confusão, um dos PMs que ficou responsável por vigiar o carro de Luiz acabou sendo agredido pelos moradores. Silvestre contou que ele foi conter a menina que incendiou o veículo e foi agredido com pedras pela população.
— Nós auxiliamos a PM, os moradores jogaram pedras e pedaços de pau contra nós. Teve um PM que levou uma pedrada no rosto. Conseguimos contornar a situação, posso dizer que meus guardas foram heróis. Ali é um ponto crítico, é considerado área vermelha, onde tem tráfico — contou.
Silvestre orientou a população que se realmente acontecer algum crime, mesmo que um pequeno delito, a população deve ir na delegacia fazer o registro.
— É na delegacia que vai ser feita a estatística, até para nós da segurança sabermos se de fato aconteceu ou se há boatos. Colocar na mídia o que não aconteceu é crime, move o ódio. Usa a rede social para pregar o ódio — condenou.
O boato e a agressão
Pâmela e Luiz Aurélio de Paula foram agredidos por uma multidão enfurecida, movida por informações falsas que circulavam em grupos do aplicativo de mensagens. Um áudio identificava os dois como sequestradores de crianças, e fotos mostravam a placa do carro em que estavam. Na hora do almoço, moradores do bairro reconheceram o veículo e depredaram o automóvel, antes de avançar sobre a dupla. Eles só não foram linchados porque agentes da Guarda Municipal intervieram.
As imagens recebidas pelo WhatsApp do EXTRA (21 996441263) mostram o momento em que o carro de Luiz é cercado e atacado por centenas de pessoas. O veículo foi queimado e Luiz, atingido com uma pedrada na cabeça. A mulher sofreu escoriações no rosto, nos braços e nas pernas.
Segundo informações da 118°DP (Araruama), existe, de fato, um boato de que sequestradores de crianças estão atuando na região. A delegacia, no entanto, não tem registros de desaparecimentos de menores. Luiz teria ido falar com uma mulher, que achou que ele estava tentando roubar o filho dela e fez as imagens que foram compartilhadas.
Fonte: EXTRA
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