Primeiro turno, que acontece neste domingo (23), promete ser muito acirrado.
As eleições presidenciais na França deste ano, das mais acirradas da história do país, não serão um dia de decisão fácil para os cidadãos franceses, incluindo os franco-brasileiros.
Abertas a todos com nacionalidade francesa, que tenham mais de 18 anos e que tenham feito inscrição nas chamadas listas eleitorais, elas devem mobilizar 45,7 milhões de pessoas neste ano, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística e Estudos Econômicos (Insee).
A um dia do primeiro turno, que acontece neste domingo (23), muitas pessoas ainda estão decidindo seu voto. Esse é o caso da assistente de direção Soraia Lima, de 42 anos, que é de Santos (São Paulo). Cidadã francesa desde 2007, ela conta que ainda tem dúvidas se votará em Benoît Hamon (Partido Socialista) ou François Fillon (Republicanos).
“Fillon se envolveu em umas histórias mal contadas e dizem que Macron é jovem demais, não tem experiência”, diz. “Estou sem saber em quem votar e tem muita gente na mesma situação aqui. Este ano não temos candidatos que fazem o coração vibrar.”
A professora universitária Izabella Borges, 50 anos, que é do Rio de Janeiro, conta que também ficou muito tempo em dúvida entre dois candidatos, Hamon e Jean-Luc Mélenchon (Frente de Esquerda), antes de finalmente decidir confiar seu voto ao último, por conta de sua energia e proposições por um “mundo aberto e igualitário”.
“Independentemente de quem for eleito, temos que observar de perto quem for para o [Palácio do] Eliseu. Não podemos simplesmente deixá-los fazendo o que querem no governo enquanto pagamos impostos”, explica.
Mélenchon, que surpreendeu com o aumento de sua popularidade nas últimas semanas, era uma das opções da funcionária de teatro Elisa Santos, 63 anos, que é de Belo Horizonte. Ela conta que o programa do candidato de extrema esquerda lhe parece muito interessante, apesar de não ter certeza se a posição dele é favorável em relação à integração da França na União Europeia, cujo fortalecimento ela defende ser fundamental.
Recentemente ela decidiu votar em Emmanuel Macron (Em Marcha), por se tratar de um “voto útil”. O candidato tem sido apontado como um dos favoritos para um eventual segundo turno, juntamente com a candidata da extrema direita Marine Le Pen (Frente Nacional). Elisa diz que seu voto será uma maneira de tentar impedir o avanço do partido de Le Pen.
Para ela, mesmo que a falta de experiência de Macron na esfera política seja uma das principais e atuais críticas ao candidato, ele pode representar uma vontade de muitos franceses: a renovação do país. “É um voto de confiança. Acho que uma pessoa nova na política pode ser positivo. A renovação do governo é necessária”, afirma.
De acordo com o arquiteto paulista Gustavo Nogueira, 33 anos, a desburocratização de processos administrativos na França é um dos caminhos para a tal renovação e um dos motivos para também confiar seu voto à Macron. “Li o programa dele e achei muito vago. Não sabemos o que realmente seria feito se ele fosse eleito. No entanto, ele propõe diminuir a burocracia e melhorar os serviços, o que me interessa bastante”, explica.
Como profissional independente, ele conta que a excessiva demora para aprovação de projetos pela administração pública muitas vezes prejudica seu trabalho, não permitindo estabilidade financeira e incentivando a terceirização na sua profissão.
Izabella acredita que esse é um momento “divisor de águas” no mundo todo. “A França está totalmente dividida. Há um embate de dois mundos: um mundo conservador e outro que quer avançar e já entendeu que estamos em um momento de revolução energética e de evolução social”, diz.
Fonte: Por Lays Ushirobira, De Paris, França
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